Entrevista- Laerte Coutinho

Hoje, trago para o blog uma rapidinha com A cartunista Laerte Coutinho.

Para quem não a conhece, Laerte Coutinho é uma cartunista e chargista brasileira que aos 57 anos, assumiu a transgeneridade. Nos dias atuais com 64 anos, ela é apresentadora de um programa chamado "Transando com Laerte", no canal Brasil. O programa discute temas contemporâneos, e conta com jornalistas, músicos, atores, como convidados.

Ana Solenye: Laerte, você ficou conhecido como O cartunista Laerte, depois passou a se intitular Sônia e hoje em dia é A cartunista Laerte. Como você se define atualmente?

Laerte: Eu me apresento usando o feminino e prefiro ser tratada assim. Mas levo em consideração o fato de ter me tornado conhecida como homem cartunista.

Ana Solenye:  Você se considera crossdresser ou transgênera?

Laerte: Transgênera. Não sei bem como flexiona esse termo. Já consultei algumas fontes, há divergências...

Ana Solenye: Como você define sua orientação sexual? Isso foi mudando com o tempo?

Laerte: Não sinto mais firmeza nas classificações que usamos para as orientações (homosexual, heterosexual etc.), porque a questão de gênero trouxe parâmetros que viraram tudo de perna pro ar. Comecei minha vida sexual com homens e isso me encheu de terror. Era algo que eu sentia como errado, doente, estranho. Não havia modelos positivos de gays nem de lésbicas. Escondi esse desejo durante décadas, até que a vida me levou a reconhecê-lo e aceitá-lo. Depois disso, tive a grata surpresa de me perceber como transgênero, também. Ou transgênera.

Ana Solenye: Hoje em dia ainda há muito preconceito sobre esse assunto, mas você acha que na atualidade ele é mais discutido ou que a sociedade ainda deixa passar batido?

Laerte: Sim, acho que a transgeneridade é mais discutida e que vem conquistando terreno enquanto possibilidade humana. Mas ainda há muito o que acontecer.

Ana Solenye: Quando você se tornou crossdresser ou trangênera, buscou algum tipo de terapia?

Laerte: Não - só busquei terapia durante o processo de reconhecimento e aceitação da homosexualidade. Fora em outros momentos da vida, claro, mas onde a questão sexual ou a de gênero não eram ainda centrais.

Laerte Coutinho (imagem da internet)